Dizem por aí que em certos meios e meias (não é Barbie, é celular) não se pode confiar em ninguém. Dizem por aí que é preciso cautela e a melhor prudência é ausentar-se de freqüentar determinados locais enquanto se está, digamos, sussa... Dizem por aí que é comum que “amigos” deixem de ser “amigos” em face de paixões repentinas, disputadas com ações capciosas e trapaceiras nestes meios. Dizem por aí que qualquer turma é foco de inveja, de disputa, que o respeito e pessoas de caráter, são mera sorte do destino. Dizem por aí que é isso ou aquilo, que em geral tudo não presta, que é assim ou assado e que não tem jeito, é podre mesmo. Dizem por aí...
Elucubrando sobre a procedência ou improcedência dos argumentos acima, recordei-me de Guimarães Rosa: “Viver é muito perigoso...” E isso se encaixa em tudo. E o perigo é bom, com mãozinha ou sem mãozinha, dedilhados ou quadrados, faz sentir os segundos que se transfiguram nesta caminhada que estamos todos juntos, não adianta, estamos juntos e misturados. Melhor é fazer o bem e dormir tranqüila...
Voltando à “vaca fria” (às vezes viajo dialogando inconclusivamente, rsrsrs), fato é que existe uma tendência, esta é sim, muito perigosa, para que se valorizem fatos que trouxeram incômodos e sofrimentos, do que fatos que trouxeram alegria e amor. É como se durante trezentos e sessenta e quatro dias o clima estivesse perfeito e em um único dia que as nuvens apareceram, o ano deixou de valer à pena e recordar-se-ão para sempre deste dia com muito mais alvoroço do que de todos os outros de alegria e amor. Ah, balanga!
Eu não concordo! Não concordo em dizer por aí que é tudo podre, que o certo é afastar-se porque sobre determinadas influências algumas coisas podem acontecer. Decepções, dores, desapontamentos, etc, são quesitos que irão acontecer. Talvez seja inevitável. Não encaro isto como ruim! Faz parte e depois, passa, tudo passa... Por exemplo: imagine-se em um restaurante chique na companhia de amigos, curtindo um showzinho, está frio, muito frio. Você resolve pedir um caldo para se esquentar, o pedido chega, você oferece e quase todos da mesa deliciam-se, porque cada um dá o que tem pra quem quiser. No entanto, nota-se que há algo deveras diferente “borbulhando” dentro do caldo.
É uma lagarta.
Você poderia gritar com o dono do restaurante e o chefe de cozinha, ir embora de mau-humor e sem pagar a conta. Ah, ta jóoooia!
Mas, poderia também inclinar levemente seu rosto apoiado em sua mão e dizer:
_tem uma lagarta no caldo. (com baixo tom de voz e pensando em sabe-se lá o quê).
Em seguida, você pede outra cerveja ou suco (rsrs) e volta para a diversão com seus amigos. Arrasou! Ou seja, a vida, continua e lagartas existem por aí, quero ver se você tem atitude, se vai encarar!... Mas, elas não são suficientes para dizer que o meio dos caldos é podre (nossa que comparação esdrúxula, quem nunca fez comparações assim, que não beba...rsrsrs)
O importante é que os “dizem por aí” estão errados e não é mera sorte encontrar pessoas com caráter e conviver com respeito em certos meios. É apenas a consagração do mérito para todos aqueles que se encontram em sintonia. Sim, sintonia. Sinceramente, esses “dizem por aí” não são suficientes e nunca serão para abalar a fé de que aonde quer que seja o importante é se encontrar com quem mereça seus minutos e vice-versa. Isso é sintonia.
E eu encontro isso em meios e “meias”. Se você é um caldo e não uma lagarta, encontrar-se-á com outros caldos e farão A festa, (ou festas) seja em piscina de bolinhas ou em quadras de futebol, na cara e na coragem.
Se apareceu uma lagarta em algum caldo ou se uma nuvem já atrapalhou algum dia de minha vida, eu agradeço e hoje exclamo feliz que entre cafés, casas rosa, fotos em estúdios ou simplesmente espontâneas, é possível sintonia. Não creio que valha a pena dizer por aí o que outrora eu mesma disse. Na realidade, eu Acho paaaaaaaia! Para bom entendedor, meia palavra basta: mãe(s) da(s) vaca(s) existe por aí, em todo e qualquer lugar e são como o dia de nuvem, ou as lagartas. Desejo que não se misturem com quem tem caráter e respeito, mas caso isso ocorra, que seja para aprender e desmistificar essas idéias dos “dizem por aí”. Afinal, as chuvas já foram nuvens, bem como borboletas já foram lagartas.
Isto posto, (jargão jurídico, óbvio) como citei Guimarães Rosa, sinto-me incompleta se não citar Clarice Lispector: “a vida é igual em toda a parte e o que é necessário é a gente ser a gente.” _ Arrasou!
Texto inspirado e PARA: Dani, Maíla, Rafa, Pedro, Vivi, Gabi, Paulinha, Vanessinha, Rapha, Aninha, Babi, Júlia, Vanexota, Cora, Laurinha, Loren e respectivos amigos e amigas que se identificarem entre meios, meias, caldos, lagartas, cafés, bares, futebol, shows, então, é a vida que “aonde quer que vá, estará contigo em qualquer parte...” C.X.